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Todo
dia

segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

vou te abrir em sugestões delicadas:

Esconda-me em murmúrios lassos sob os seus lábios semicerrados e
Escolha o meu nome entre as sílabas permutadas dos seus versos -
Deixe-me derramar a sua pele sob as minhas idéias quando eu
te desenhar num kajal suave entre os nossos olhos;
E enquanto eu me sentir aceso nos seus gestos
E as minhas indecisões esfumarem pela sua boca
Segrede todos os silêncios pelos meus ouvidos
Porque eu te escuto.

quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

converso

"Admiro a verve e o luxo em linho
No que me aparto em certa paragem..."
"Fato é que o espaço sofre a viragem
Que lhe imprimem quasares sozinhos..."

"No abismo sideral o que busca
O olfato inerme do atino humano?"
"Que desepero constrói romanos
Impérios das ruínas etruscas?"

"Que caráter vário trouxe à voga
O uso substantivo do grotesco
E a sílaba tônica primeira?"

"Que capricho a kundalini yoga
E o teatro absurdo de Ionesco
Gerou, como a estrofe derradeira?..."

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Feliz Natal!

é isso aí - q nem uma nuvem de flores explodindo na sua cabeça

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Bolo de rolo

Em xátria forma retorna da xepa
A parte e sucre menor da partícula
Pelas mãos febris do (re)trato agrícola
Ao fremir esponjoso da carepa.

Colheita! Perfazem fazeres ciclos
Fase: por receita trigo e goiaba-
Se ainda bóia - mais leite e ovo acaba
O rolo - em que por tabela entrou o mico.

Rogo a ti: não me negues o prazer
De em bolo presentear-te, princesa.
(crueldade sóbria e natural)

Me apenas permita vê-la tremer
Por desejo, e ainda sentar à mesa,
Enquanto o devoras como um chacal...

Manual de trocadilhos

Com sangue regar a luxúria e o pranto
Silencioso ou branco como a bruma
Qual abraço crasso que se escuma
Como a onda, como, quase e quanto.
E se fosse, fielmente, ou fizesse
Feliz, mais um outro, como fui eu
Tragando sonho pelo teu palor;
Como desejo que ainda em ti estivesse
Como o esgar sortudo e negro do Eliseu
A marca do nosso primeiro amor!

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

para você

Vou lançar a idéia de fingir q nada é sobre coisa nenhuma (ou sobre ninguém)
olá - cê tá bem? cê tá... como?

blá blá - sonho infinito poesia inspiração eu
q tal repetir o tema modulado numa quinta, imbecil?

vamos cirandar em sentido anti-horário com palavras bonitas
tttttttttttttttttttttttttttttttttttttttttestro forma divino enleio voz
contruir as fugas em coros de brâmanes com as unhas esmaltadas

me mascare como outro só pra eu achar q sou eu mesmo

blá blá - estou sozinho vomitando bêbado e mereço atenção
blá blá - tenho medo de mim
blá blá - sou especial e exigente com a sua inteligência (...)
porque meus textos são muuuuuuuuuuuito difíceis de serem compreendidos
tãããããããõ difíceis q só os realmente sagazes percebem
q no fundo no fundo

eles não têm sentido nenhum.

vc se expressa ou manda recados?

bem - mas expressar-se não é uma palavra bonitinha pra mandar recados?
vou te mandar um recado:

nunca saia a francesa se nao quiser me deixar mto puto.
mas talvez vc queira, quem sabe?

Somos todos estranhos uns aos outros pq não queremos dizer realmente o q se passa pq pensamos que estamos em algum tipo de jogo em que alguém ganha e alguém perde - mas essa é aquela brincadeira mto escrota em que de cara - vc já perdeu

Sabe como é.... o Jogo

Posso te dizer q te odeio, mesmo q seja mentira?
e se eu pedisse pra arrancar os seus globos oculares só pra vc só me ver com outros olhos ?

sábado, 20 de dezembro de 2008

Esse vai pro João Manoel:

"...E enquanto eu vagava livre e disperso
Vinha-me a imagem de um contorno vago
Que aos poucos revela as margens do lago
Sob as cumeeiras alvas submerso

Vejo-o plácido e sereno, e no entanto
Sobre o plano de sua face leve
Um rasgo de ponta a ponta descreve
A trajetória de um cisne branco...

E sob o semblante claro e esbelto
Um reflexo perfeito se projeta
No dioptro liso, como ainda agora,

Ah, Cisne! Morrerás inteiro; exceto
Essa sombra pálida e tão discreta -
Tu restarás pra sempre em minha memória!"

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

3/4 em dez compassos

A métrica é uma valsa em contratempos
E não é preciso dizer-se único ou pessoal
pra relativizar o que se diz.

A criação se transforma, mas não se esqueça de
Plagiar as vozes que sussurram-te, como o vento sobre as dunas,
Antes de se levantar.

A trindade é falsa - pense só no que lhe vai na superfície
E o ego é uma idéia imprecisa que existe pra te forçar a dizer,
trivialmente, o que lhe desagrada nos seus pais.

Não pense ainda, apenas sugira que se pensa,
Force os olhos nas laterais, e coce o seu queixo
porque nada é melhor do que a antecipação

As cinzas são muros vazados - de lá pra cá
Mas não se pode ver no escuro, sem imaginação,
E a cor não é absoluta;

No escuro, os seus olhos são escuros pra sempre
Ainda que você me diga que eu não deva te olhar
E ainda que nunca tenhas dito

Diga-me que me queres, porque paráfrase não é pecado.
Premedite as inspirações, e confunda seus exageros
Como as sintaxes líquidas na sua língua

Em movimento - ou jardins que oscilem estalos
E os colapsos imperceptíveis dos sorrisos
Lentamente, como as cidades que caem.

Eu ouço o canto morno da aurora sob a minha pele -
(Hoje)
Feche os olhos por mim... e prove a mudez dos meus lábios

Devagar.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Transverso

Esse foi pra Fabiana, num momento realmente especial da minha vida - originalmente tinha o nome dela em vários vocativos entre os versos... Às vezes eu acho q ele poderia ter sido melhor escrito, mas a verdade é que, pelo menos durante o meu processo de criação, existem dois tipos de poemas, os que surgem das palavras e os que surgem dos sentimentos - e os do segundo tipo sempre ficam a desejar - pq, como dizia o bom e velho A. dos Anjos "esbarra no molambo da língua paralítica". pois é - esse é o exemplar factual do segundo tipo...







Estou atravessado em você, querida,

De várias maneiras.

E isto é,
Como a cadência: uma proporção do ritmo,
Morno e encharcado num feixe de luz,
Concentrado, e puro.

Eu me projeto nessa onda, sem distrações,
Atento, feito a prontidão firme de um rio,
Que, mesmo sob condições infelizes que lhe ofereça o acaso,
Não deixa de correr.

E eu, que embora ignorante, reconheço essa grandeza,
Em suas diversas manifestações,
Também não hei de esquecer o meu passo.

Os exemplos jamais me convencem, e as comparações litúrgicas,
que batem os domingos na minha cabeça
São pálidos ecos do sentimento, e não me interessam.

Mas nem sempre fui assim; E minha razão me diz,
persuasivamente, que venho mudando aos poucos
De acordo com o tempo e com as pessoas,
com quem troco enganos.

Mas eu sei que não é verdade, e sendo intuitivo feito uma formiga,
como sou,
confio nessa vasta e vaga impressão que tenho,
de que algo grande está por vir.

Estou atravessado em você,
e quero insinuar toda a desdordem que me vem no cérebro
no seu espírito, como uma melodia
incidente, suave e estranha, que lhe perpasse os ouvidos com carinho
e calma, na delonga de um beijo faminto.

Fui transformado! E eu te dedico cada hora,
Porque estou transverso, como um jovem suspiro,
estou transverso

em você.

Desodorante

Trava-me o ponto molambo na língua
Calejo praticável das catástrofes
Em rima se funde o viés de anástrofe
Junto ao porte intelectual da míngua.

Na ausência impreterível de formato
faltando-me o gênio claro (posposto)
Conjuro o gesto, à carater de rosto
Imperativo do ébrio, ou inexato.

Já dizia a vovó subindo motes
(Enquanto o priminho mascava goma)
Sobre a parcimônia alva dos meus dotes

Indo Aforismo à guisa de axioma
"Filho, em toda a tribo dos hotentotes
Tu hás de reconhecer-te pelo aroma!"
Decaem silvos d'ouro sobre a rósea
Costa, ao largo vibrante dos meus braços;
Sejam parelhos secreções e abraços -
Vertigem! - Consumidos qual Ambrósia.

E no espasmo febril dos amplexos
Unem-se os corpos tangentes em mágoa;
Flor que és, defloro-te sob a anágua,
Quisera ver teus ancestrais perplexos!

Já do prenúncio felado: o final
Fulgurante! Bem sabes que já és minha,
Figura Loquaz, me tocas punheta...

Sodomizo-te, encanto celestial!
Tolos os homens que louvam a rainha,
Não há reino que supere a tua buceta!

sábado, 13 de dezembro de 2008

Sobre falar de si, pra falar de ti

desordem
aaaaaaaaaa e a dúvida é uma entrelinha do pensamento
Pra seguirgggggggggg esquematicamente o nexo da rima
E a vontade de dizer-se em rodeios,

Você
aaaaaaq que é por mim
a imagem vária das canções
e me disse cccccccccc em juízos planos
A personalidade dos abraços em dois

Eu
wwwe quis derramar-me em segundos, como
Não
wwwww estou bem vestido dessa vez, nem
soube dizer
aaaaa as palavras certas, mesmo que

Tentar seja a indução categórica de que se erra
ou as palavras erradas não importem pros olhos se os olhos
estão juntos;

porque eu Tenho
wwwwwwo defeito de ser suficientemente falso
só pra não causar constrangimentos,

E se tentei te confundir só porque estou confuso
wwwwwwwwwwwwwwwe acuso
a minha confusão em todos os dedos

Quão original se pode ser descrente
Mas aberto, ffffffffffffffffffffe descrever o seu contorno
Pela única e exclusiva razão de dizer que ele é bonito
ou que os meus sonhos são projeções desleais da sua voz

Diga-me o seu nome - porque
eu tenho a impressão de tê-lo ouvido antes,
wwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwrepetidamente
Como a sua presença insinuante em mim,
e a ilusão tátil das suas mãos entre os meus cabelos

Diga-me o seu nome

só pra eu poder gritar.
Não sei se tenho versos dentro de mim;
Se os meus dedos projetam motivos,
Ou se a minha pele suspende as sílabas.

Se pela consonância das frequências,
Nas inferências estranhas de se dizer
Sujeito e predicado, Verte-se a ordem.

Não consigo ser direto.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Eu confesso que...

Á Juno dedico a minha falha
E espero o retrato negligente
Cujo foco, à margem do aparente,
Rareia, e como a inocência, calha.

Não me julgo vão, ou incoerente;
E se aguardo só o tempo me espalha
A calva aberta, e o cheiro de malha,
Vaidosa e cotidianamente.

Garanto a plangência do detalhe
E a pujança triste da lamúria,
Se no planeta não me houver páreos...

Quando desse dia, meu grand finale
Será convertê-la, e em prosa espúrea
Gabar-me dos prêmios literários!

domingo, 7 de dezembro de 2008

O que me interessa

O harpejo das transiências e hhhhjo laço das suturas
A Harmonia das fragrâncias e a hhcadência impressiva dos lábios
O espaço vazio - sedado e avesso, a delicadeza em prontidão do tato;

A atmosfera amarga e hhhhho peso das expansões sustidas
A volatilidade dos sólidos e wo ritmo transcendente dos segundos
Os gemidos candentes em frases
eeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee e a sensualidade das farsas sutis
O palato rígido dos rostos - a flexibilidade dos fluidos tensos - e a
Tangência de véus ocultos.

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Para

A ânsia de se estar vazio é como a pronúncia de um bocejo
Mas não há regras pra se passar o tempo -

Pra mim, há um certo desânimo em agir -
porque a origem do ato é
o esquecimento de que se espera;

Não sei o que espero, mas creio que
Se não esperasse, eu agiria.

Existe uma certa qualidade no ócio
E a lucidez do sono é como a ausência de certezas:
Lúcida.

A fragmentação do poema é como a tarde que cai
Mas a tarde não cai - ela gira,
e nem tão devagar assim, se você tiver bons olhos

A dedicatória é um risco que se toma,

Mas eu acho que não sei falar,
Porque se soubesse não escreveria;

E afinal de contas se causa uma impressão
Com a discrição de uma vogal acentuada,

Mas eu não quero causar impressões

A verdade é que não sei o que quero,
E sinto um certo prazer em cair em contradição

Mas não se cai em contradições; gira-se em contradições
e nem tão devagar assim, se você tiver bons olhos;

Estou sozinho, mas todos estamos -
então é como se estivéssemos juntos.

A fragmentação da mente é como a liberdade
Mas não se é livre sem escolha;
E a responsabilidade da escolha também não é livre.

Estou sozinho em fragmentos -
Mas você está também - estou me repetindo;
Mas pelo menos a repetição supõe um ritmo

Quer dançar?

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Ela finda as noites em soluços
Sobre a coluna fraca e espichada,
Entre as cobertas, na madrugada, e
De manhã põe-se a raspar os buços...

Quando a tarde chega cobre os sábios
Com um suspiro carmesim, louca
E ao crepúsculo oferece a boca
pra beijar o sepulcro dos lábios...

Anos lhe passam sem atenção,
Sentada no living, ela espera
Caírem-lhe brancas sobrancelhas;

O que a memória preserva em vão
Do trejeito vadio de fera,
E do encanto dos olhos em centelhas?...

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Outrora me vinham do Leste halalis,
Sobre a ponte velha que cruzava o rio,
e sentado na estrada, junto ao meio-fio
Eu dormia sob um relento de anis...

Em sonho, animado em teu fôlego, Juno,
Deitava-me em teu ventre infecundo e morno
Pra livrar-me da agrura primeva e, em torno
Derramava-me, como a imagem do uno.

Hoje vou-me falseando em desamparo,
Apático, à maneira inglesa da fleuma
E às vezes esqueço de fingir meu porte...

Falta-me a confiança de um gênio ignaro
E cada voz me constrói uma celeuma e
Cada sono um vislumbre da morte.

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Contradicto

Um dia eu condenei a análise explicativa do poema.
Mas é não como se eu não condenasse agora...

A questão é que o último poema que postei, o salmo em si, exige de mim algum tipo de explicação, por que eu não sei se é realmente um bom poema, se valia a pena ser postado... A verdade é que ele tem bons momentos, diria até ótimos momentos, principalmente a partir da segunda pausa; mas eu o considero obscuro em demasia, com um quê de hermetismo injustificável, levando em conta o estado de espírito que acompanhou a composição.

Confesso que boa parte do conteúdo surgiu em circunstâncias estranhas para mim.. a coisa já vinha matutando na minha cabeça a algum tempo, escrever um salmo, mas eu tive que cultivar um clima de adoração pra me dedicar à tarefa; acontece que, pelo menos comigo, toda espécie de lealdade incorruptível é acompanhada de um traço de ironia; por que eu realmente sinto como se não se pudesse ter certeza de nada.. não é só uma citação das citações do nosso querido ateniense discípulo de Arquelau.

Mas ao mesmo tempo há uma nobreza nos salmos que é definitivamente admirável; mesmo os mal escritos ... Se o único tema de todas as canções é o amor, então é como se o único tema fosse Deus, não porque Deus é amor no sentido canônico da coisa, mas porque um amor supremo remete ao acolhimento total e a satisfação, que são características da fé. A fé te deixa cego, faz você pensar que tudo está legal etc, afinal Deus está tomando conta de tudo.. o amor é certamente parecido; e não há um tema mais nobre do que o amor porque, de certa maneira é a única coisa que atinge a todos integralmente, que toca todos os espíritos, e confere um vislumbre transiente da igualdade entre as almas... O salmo é nobre porque, ele tem um tema antes de sequer existir, é um formato que define o tema; como se o siginificante sobrepujasse ao significado.

Mas eu acho que me perdi no meio do caminho... não sei se escrevi um salmo; não que eu quisesse ser 100% convencional e ercrever um SALMO que nem os antigos; muito pelo contrário na verdade, eu queria mesmo não ser convencional, na minha pretensão eu queria modernizar o salmo; sem perder a essência... Mas eu acho que foi justo a essência que eu perdi.

Se alguém foi muito observador, pode ter notado que eu fui alterando algumas coisas nele com o tempo... o formato hoje é bem diferente da primeira vez que lancei no blog; as pausas por exemplo não existiam, mas elas serviram pra soldar a estrutura do poema. Não sei onde eu quero chegar com toda essa história... tal vez eu altere ele ainda mais no futuro... por enquanto simplesmente não sei o que fazer.

Obs:Há um verso roubado no Salmo em si do Salmo 33 (ou 32 em algumas traduções) - "Tu, cujo sopro projeta uma multidão inumerável de astros!"; o original era alguma coisa como "Pela palavra do Senhor foram feitos os céus, e todo o exército deles pelo sopro da sua boca." - sendo o exército dos ceus as estrelas., cheguei a ler uma vez um que era como "e no sopro de seus lábios uma multidão de inumerável de astros";

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Será que nas torções do meu espírito estarão os garranchos defuntos das suas letras?

domingo, 23 de novembro de 2008

Salmo em si

Sou uma conjectura da desordem -
A possibilidade substante (de uma ausência pretensa(...))

Quero morrer um dia - mas não blasfemo
Porque não é pecado desejar o que não se evita.

E estou cansado de me explicar
como se eu não fosse um imbecil qualquer com sonhos de grandeza.

Ok, minha lady, você sabe dançar quando está bem acompanhada;
Pena que eu carrego a sombra de um mundo de egos frágeis.

(pausa)

Acho que vou louvar a deus com meu cântico chapado,
E contemplar a criação com meus olhos gentis -
Ó tu q és o alto, poupe-me da tua ira!
EU - que estou um pássáro à beira das eras concêntricas
Na totalidade particular das negações
Dualmente ocultando-me à margem do pensamento.

Vou foder a minha cabeça com um espirro
E gemer as mortes súbitas dos meus concidadãos!

Louvado seja Deus, que nos reuniu no amor de alguém !
Mas quando alguém ama é quase como se odiasse...

(pausa)

E se tive a compreensão dos processos sutis
como os modelos extrínsecos aos formatos marginais
Nos limites trepidantes da auto-referência? -
que é uma similariedade auto-imposta;
(porque nunca coisa alguma se refere a si
wwwwwwwwwwwwwwwww[- mas a uma imagem de si)
E se estive por ti em ti e através
De ti, e quem sabe até contigo -
E se eu fui um outro - ou me transformei ou entrevi-me
E me entrevei por fora e por dentro e me entreguei;
Pra sempre - Porque é sempre agora que eu faço em mim
[a imagem de um suspiro transitivo que transiste
e transita e que existe e que hesita

Não foi pra ser falso nem desagradável.

Hoje eu acordei mal disposto
e em Deus eu absorvi as essências conflitantes dos
contra-espaços formais ou imaginários - Hoje Deus
Presenteou-me com um licor denso e doce que me anima
o espírito e me danifica permanentemente o raciocínio;

Hoje Deus revelou-me em si nas simetrias
E nas perturbações charmosas do idiotismo;
Deus! Que é um movimento ousado da intuição;
A experiência parcial de ser imperfeito -

Eu - que quis ser um monstro consciente e definitivo,
mas fui um abismo modorrento dos meus próprios
e ainda não sou nada - aprecio Sua candura enfastiante.

(pausa)

Tu que és o único, tu que és o altíssimo e supremo
Tu, cujo sopro projeta uma multidão inumerável de astros!
És a imaginação das realidades espaçosas
e lanças os teus fiés à morte pálida das planícies,

Deus! perdoa-me por ser feio e mesquinho!
Deus ciano e púrpura dos ventos-
Deus magenta e claro dos nomes...

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Para Iso - que não é ninguém

Vou te contar todas as mentiras que eu senti
wwwwwwwwwwwww[beijando o meu espírito, à noite -

Na intenção vaga de dizer qualquer coisa de importante,
(A pretensão de esconder-se no lugar mais óbvio;
só pra ser encontrado.)

1)A impressão de ser único, mas de comungar
wwwwwwwwwwww[do mesmo sofrimento com todos;
E ungir todas as almas de generalidades - especialmente
wwwwwwwwwwwwwwwwwwww[ as sucetíveis;
Jogar-me numa perspectiva distante, pra não ter
a responsabilidade de provar a mim que sou fraco.

2)A tepidez dos olhares dúbios - a necessidade de ceder a si
Num impulso indeciso e flutuar em cada superfície curva -
3)A vontade de engasgar com alguma coisa, pra sentir-me vivo;
Porque pelo menos a iminência da morte é
wwwwwwwwwwwwwwwwwww [uma prova de que se vive.
4)A certeza de arrastar parêntesis,
e contornar todas as afirmações com comentários espirituosos;
Por que nenhuma verdade resiste a um jogo de palavras
wwwwwwwwwwwwwwwwwww[e um sorriso enviesado;
5)A tristeza de chorar minha consciência acesa
só com golpes súbitos e psicoativos, e ruir as minhas lapelas
com secreções ácidas e reluzentes -

6)A desconfiança de que a vida me reserva mais do que
alguns netos sorridentes e bem colocados no vestibular,
com namoradas bonitas, dentes retos, e relógios à prova d'água,

7)E a certeza de que é pertinente ser poeta
wwwwwwwwwwwwwwwww- se não se é nada mais

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

isso

que me vem quando estou só e
junto a outro ou quando estou próximo de tudo,e quando
estou indefinidamente
wwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwlivre
Como uma palavra que escapa ao projeto gráfico,

e embora não à memória, estou solto
e só, e não estou
wwwwwwIsso faz diferença, e talvez como a opção,

mas a opção não faz diferença
porque eu posso estar errando, e eu gostaria de ter
certeza de que que essa é a coisa certa a fazer
wwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwmas no fundo estou meio desanimado

eu queria levantar da masmorra erguendo com a consciência uma infinidade de tédios
wwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwsó pra gritar
e me fingir de mártir,
wwwwwwwwwwcontar um sonho que não tive,
vestir a pele do inverno
e assustar os transeuntes por aí fumar um cigarro só pra dizer que fumei, morder a minha alma só pra amargar mais algumas estações no inferno

Vou mudar... mas isso já está me enchendo
wwwwwwwwwww dizem que é normal

às vezes é bom que as pessoas riam só pra você saber que está cometendo uma gafe

retrate-se
wwwwou sorria pra mim
(A verdade é
wwwwwwque existem poucos prazeres que superam o de ser ambíguo, de várias maneiras
atravessar etc. etc.)

Estou satisfeito
e isso tudo
wwwwwwwwwwwmais
wwwwwwwwwwww em várias línguas, de várias maneiras, estou morto

e isso talvez seja tudo, por hoje e por ontem.

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

dois

Eu queria expressar a minha língua num floreio fixo
E espelhar todos os modelos de entendimento
wwwwwwwwwwwwwwwwww[nas minhas palavras,
Sem pretensões, e rimar em simetrias axiais, pra todos os lados -

Mas é como se me faltasse a condição que sustente a possibilidade
Adversamente, entranhando-se em mim.

De toda forma, é pouco provável que eu te encontre dessa vez

E eu sinto minhas mandíbulas preguiçosas,
rangendo de tédio o tempo todo,
Presas, como os resultados viciados das comparações.


A verdade é que os métodos são sempre os mesmos
wwwwwwwwwwwwwwwww[e fazem a mesma coisa, sempre,
e a essência do verso é uma silhueta ausente
Que observa o observador, no escuro.

E eu me observo.

É estranho pra mim ver todo meu discurso se degenerar
wwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwww[desde o começo
pra falsear languidamente uma causa - por quê?

Porque eu diria algo por você, ou mesmo sobre você -
Mas eu não consigo, ou não quero,
E também não quero esboçar as razões incógnitas
wwwwwwwwwwwwwwwwwwww[que me respiram,

Prosseguir as metáforas, esvair minha memória do tempo,
Só pra fingir que sei te encantar ou que sei quem você é;

E eu acho que endoideci de jeito; e que estou te amando de novo,

wwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwww[ou pela primeira vez –


E se nós nos ouvíssemos inteiros,

e transubstanciados em cores nós nos dissolvessemos,
como a justaposição dos contrapontos -
e dos contornos suaves sob as nossas mãos completas,

onde juntos estaríamos perdidos?

Eu queria dançar o meu pé num floreio fixo
E espelhar todas as suas faces em gestos
Sem pretensões, e marcar os ritmos axiais, pra todos os lados -

Mas se eu tropeçar timidamente,
o que vai ser de mim?

terça-feira, 11 de novembro de 2008

desencontro

Compus uma rosa sem nome
fffffffffffffffffffffffffffffffffffffffffontem.
Dei-lhe forma, como se oferece compaixão
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkao cêrco frágil de um sorriso
kkkkkkkkkkkkkkkkke enlaçada a um entalhekkkkkkkkkkkk em lugar
nenhum, eu quis tê-la, como se tem
llllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllluma mulher
Mas o dia luziu só
lllllllllllllllllllllllllllllllle breve, num segundo. lllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllà sombra das revoluções
llllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllComo um ácrux que definha
ontem eu lllllllllllllllllllllllllllllllllllde um suspiro que tive
llllllllllllllllllperdi o contato llllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllou quis ter

talvez fosse
llllllllllllllllllllllllllllllllllllll
lllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllum batismo vazio
wwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwww,e em cânticos breves, sua face
aberta, à tarde de ontem me
wwwwwwwwwwwwwwwwwtenha aturdido, e por obra das suas mãos
wwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwweu esteja ainda desencontrado,
wwwwwsem saltar de volta.

wwwwwwwwwww(o que) depende de mim e
Se perdi meus olhos, ou não,
wwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwnão faz diferença.
pra uma rosa qualquer chorar com os dedos costurados nos cabelos; em qualquer lugar


w(mas) eu não lhe tenho
wwwwwwwwwwwwwwdecepcionado ultimamente.

ontem eu descortinei a manhã wwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwem sonhos uma rosa
wwwwwwwwwwwwwwwwwwwcom um gesto pra ninguém, e guardei
(mas) nada se guarda realmente.
como não se experimenta o enlevo do charme,
wwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwe a harmonia das partículas.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

sobre os dois

Eu alvoresci na sua palavra,
E pelo gesto eu experimentei os seus sonhos.

Mas nunca estive livre por ti,
E quis estar, e não só hoje,

Eu germinei por sua lavra,
E desconheci o significado das linhas que

Você me traçou num halo, me trançou comigo ou por mim.

Talvez você me passe mas
Eu estou futuro - e sempre

Eu queria pendurar todos os seus vestidos em cabides
E te despir de todas certezas.

sábado, 8 de novembro de 2008

Urdir da ganga alva, a dor
Fagia! Ergo morrerei o hoje e o hoje e
Hoje, relapso mudo mudo o mundo em flor!

Pernioblongo cantou-me três rios
E quando a gangrena regar o cancro, for
E deixarmos a vela aberta ao vento,
ossar o rapto frágil - dos instantes serenos - dos gestos
Aí sim, socorre-nos o poeta, diria-me que e
que e que uma rosa é uma rosa rosa e tudo que mais uma rosa
possa rosa-ser!

Para ode infernal: plural esparso
Da resma e da alma e do efeito óptico -
Ótimo, gertrude é o líquido amniótico,
Vou ponderar mais um momento, mais um silêncio em silêncio,
Vou volver à volta, vitória, Rei hei de van
glória vã glóriar o universo!

A verdade sobre os dois

estou confusoChoveu sob mimmaas secoulímpida a minha almamudei

o q estou fazendo?

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Mapeio em função de um azimute
Que me ronda a casa, quando chove,
Ou meu rosto desmancha e demove
A vontade de cuspir um zut.

Construo, por princípio, na escala
A desmesura a que um desgarrado,
Tolerante, calculando o enfado
Das quartas proporcionais, acata.

Me apetecem lunar ou político
Em razão pura: simplicidade
Inexprimível em língua humana;

Como o conforto que inspira o tríptico
E o soneto de formalidade,
A minha década me explana.
Terra: fisiologia do céu profundo
Qual imagem sobreposta ao ponto cego
Imprópria, sem gotejar em desapego
Sobre a côncava dum olho vagabundo

Câmara infernal de abismos e helicônias
Que vês! Chafurdantes jorros lamaçais
Vestidos de chuva, ou de sépia nos sais
Deflagrados, já na luz de parcimônias

Me anima essa alvura prisca dos cinismos
Rompantes falsos da unidade: o elemento
Refolho torto da sede universal

Reserveria uma estrofe a cada cismo
Sem conceder à mão beijada o excremento
Que é musicar o fogo, em vento banal.
O suspiro é uma ausência transitiva.

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Espero coduzirem-me à antecâmara
Onde espero, como num hall vazio,
Pra esperar pontualmente em fastio
De esperar vagamente uma outra câmara.

Vivo, mas desvaneço pouco em pouco,
Translúcido e morto como a água fresca
Que se propaga insípida e grotesca
Sobre seu leito, em passo largo e louco.

Penso ininterruptamente, mas durmo
E sonho em companhia dela às vezes...
Agito do meu corpo o véu noturno

Quando acordo, sabendo que suspiras
Espero findarem dias e meses
Inócuos e vãos como as minhas liras.
Tracei as flores astrais, por simetria
E deitei-me em lassos giros sobre os pântanos
P'ra compor em cada verso a sinastria
de cada darma num leque de crisântemos.

E que a naturaza me perturbe a carne
por conceder ao meu fluxo de vistas
Uma névoa melancólica de charme
e um drama infernal de moralistas...

Tragédia! Se não expresso a cada beijo
A coda mortal de todos os tempos
e a cara pura do sol que afoga

Do coração das partículas, despejo
Pela letra imóvel, e em cada momento
o orgulho ancestral de trajar-se a voga...
Sou um acidente qualquer, como a montanha
Envergadura infausta da crosta de pedra,
Forçada pelo magma, ela medra
As cumeeiras vastíssimas, sem façanha.

O acaso empenhou-se a planar, como o vento
Que suporta o peso das folhas, quando o outono
Força a abscisão sonora pra morrer com sono
Junto ao humus, deitadas sob o firmamento.

Encarno a beleza dos detalhes tranquilos
Que descansam, à tardinha, nos teus mamilos
Sem revoltas, quando do frisson sob os dentes

Dos teus amantes, condenso a tua beleza
Transfiro-lhe palidez (e certa leveza
De ser), e quem sabe se de repente...?

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Alguém me disse que eu deveria explicar os poemas.

Bem;

Deixa eu te explicar uma coisinha, seu imbecil.

Todo poema é auto-explicativo, uma estrutura que envolve e se fecha em si própria: a partir de uma perspectiva única, um único enredo, desenvolve-se num significado cuja causa eficiente não diverge da causa final. A observação exterior não deturpa o sentido, pois a existência de sentido tem como condição sine qua non a observação exterior;

O POEMA É ABERTO E EXPRESSIVO, livre.

Em outras palavras;

leia e entenda como quiser, porque.... enfim; é a diversidade de entendimentos que dá prazer, e eu gosto de pensar que o que escrevo me ultrapassa e transcende... quando alguém me revela uma faceta estranha da criatura que eu supunha dominar por inteiro, sinto-me como um pai que vê o filho crescer.


Ps: Ok eu sou muito pretensioso...

mas eu juro que não queria ser.

Ps2: O que a princípio é melhor que não ser pretensioso
(por fingimento.)

Ps3: O que ainda é melhor que não conseguir ser pretensioso de verdade;

e querer ser.

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

'Stou-me embora para ti
E me fui formado em nada
Hei falso que faço em se
Mesmado ao fêcho da quadra

Vero fico avesso em mim
Se perfiz-me na descida
E o que me quis eu quis assim
Num bilhete só de ida

Parti enquanto estive só
Avaro em pouco jamais
Senti das vezes inícios

Encantos medos tive dó
E ouvi das doses normais
Em segredos desperdícios

A segunda versão é a verdadeira, mas os parênteses (que são cabides para os entendidos) dificultam a primeira leitura, então, se vc quiser reler (que por sinal é um palíndromo) vá em frente;

Obs : O parêntese indica algo que pode ou não estar presente ou que pode ou não substituir o que está: a critério do leitor; por exemplo, d(v)os(z)es pode ser doses ou vozes, dependendo da sua pendência genética para o alcolismo e uma série enorme de outros fatores, que, se eu te contasse, você não acreditaria.

Obs2 : Só porque eu falei de alcolismo, doses não necessariamente se refere a doses de bebida,; não seja precipitado.

'Stou-me embora para ti(,)
E me fui formado em nada...
Hei falso que faço - em se -
Mesmado ao fêcho da quadra.

Ver(s)o fico [avesso em mim]
Se perfiz-me na descida,
E o que me quis eu quis assim:
Num bilhete só de ida.

Parte(i) enquanto estive só
Avaro em pouco (,) jamais (,)
Senti( )das vezes (:) inícios

En(m)c( qu)antos medos tive dó
E ouvi das d(v)os(z)es normais
Em segredo(s), (os) desperdícios.
Tu és! E mesmo que me faltassem memórias
Do semblante risonho na manhã de outono,
E me esmagasse a força gigante do sono
Mimetizando as parábolas ilusórias,

E mesmo que as tuas feições sempre escapassem
De mim - E eu perdesse a imagem que um dia tive
De ti - E eu deixasse os sonhos de que estive
Munido, esperando que se realizassem...

Quando analizasse o céu, com a minha minúcia
Ou o oceano, o mar! Por certo a natureza
Quando eu visse os rios efêmeros na serra

Reconheceria a inigualável astúcia
Com que Deus, para conservar tua beleza
Repartiu-a entre as maravilhas da Terra!
Se Juno cantasse no beiral da manhã
Junto aos trinados vibrantes, característicos
Do firmamento, onde pontilham asterísticos
(Semblantes dos pássaros míopes), amanhã

Eu lhe forjaria com amor e martelo
O sonho arquetípico, com direito a dote,
Pétala rubra, folha e caule com o corte
preciso e fragante no espinho, e certo esmero.

Pois é fato que adquiri alguma cautela
Com relaçãoao sete, ao oito, ou ao setenta
E à toda oscilação cromática da luz...

Quem buscaria as terras distantes se ela
Junto aos trinados vibrantes, concentra
a essência a que o universo se reduz?

sábado, 25 de outubro de 2008

Esse soneto vem acompanhado de uma interpretação harmônica, que é unicamente uma pretensão autoral de explanar uma pretenção de autoria; a vocês músicos, a quem Deus concedeu a estética de Schopenhauer, é concedida (como se fosse mesmo por mim) a possibilidade de interpretá-lo em qualquer tom (desde que seja menor.... rs rs rs).


Entristeço meu espírito em tom menor (Cm)
Na transição diatônica duma quarta (Fm)
Sétima em dominante pra que a linha parta (G/F)
Melódica, desusando medo ou pudor.

Como se a tirar me obrigasse a repor (Cm)
Suspenso Harmônico, que trançasse baixios (Csus)
E as fundamentais que a rugir fecundos cios (Gsus)
Sonhassem o fulcro dos engajos - maior. (C)

Volver a nona ao simulacro diminuto (C(9b))
Render-se aos encantos da décima terceira (G(13b) ou G+)
Tecer sustenidos referindo bemóis (G#7 ou Ab7)

E conversar o acorde simples no arguto (Am7(11))
Brincando na senda cromática primeira, (segue a escala)
(En)cantar as mínimas como sóis! (C7)


Alguém pode se arriscar numa melodia, mas aí já não é a minha praia... Aliás eu acho que essa harmonia é meio dissonante (pra não dizer feia [ - embora as mais belas harmonias sejam mesmo dissonantes! {como eu adoro parênteses e afins...}])
Que o sono abençoe meus olhos fundos,
E trance meus cílios negros em laços.
Tecendo as pálpebras frias de abraços,
Como as cerrações serenas dos mundos...

E que em sonho adormeçam íris úmidas
E entoem luz nas lágrimas salinas (em)
Cânticos plácidos, turvas retinas,
Num véu devasso sobre as curvas túmidas.

Que eu me enlace enfim em todas as cores
Nos corióides, sorventes sutis,
E me entorpeça o foco cristalino...

Quando abatido por vítreos humores
E oscilações dióptricas senis
Vou dormir a ótica de um menino...

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Quando chove turva a imagem do Ganges,
E sob a superfície aquosa e pálida,
Dilata: sob o tom e o mantra plange
Entre o ego e a idéia se crisálida.

E eis o mito: Deus pela cor refrata
Em arco, halo e luz; segredo e forma:
A impressão de que a tudo se retorna
Tempo - sacro mistério - Templo e prata.

Quando chove, amarga o ato das falanges
vão ruindo a cena, o palco e os atores;
Gestos frágeis se perdem de repente...

Desbota o matiz que me surge à mente
Me impera a lembrança dos meus amores
vazios, como a chuva, sobre o ganges.
Circularmente a marejar o encanto
Premissa vária e forja; ou promessa
Centro, mergulho da margem espessa
Descrevente algoz, à força do portanto.

E entretanto, expoente radial
Aceno curto e herege da elipse
fatalmente o condena a um ponto tríplice
comutativo, equipotente e axial...

Entrevisto ao clarão do raio oblíquo
Diverge, senso fixo, atro ou comum:
Estrela d'alva, relembrando o breu;

Quem diria? Imaginário profícuo
Que gerasse Deus, os profetas e o um
Do fogo sagrado de Prometeu?!
Silhueta atroante, o Hymalaia
Níveo cume de prata no poente
E quando retorna o ocaso consente
Em matizar-lhe o tom, até que esvaia

A cor, que mesmo precessa da aurora
Possui correspondente ao crepúsculo
Bem observa, do fogaréu minúsculo
Mais um monge solitário, e embora

Reze o sutra ausente, supõe a matéria,
E reduz-se ao paradoxo vazio,
Na busca inadiável do equilíbrio...

"Pensa, ó monge, na beleza sidérea,
E sem que desça do espírito o estio,
Na probabilidade do ludíbrio..."
Levanto a aba do coldre sob o amarilho,
Pois sinto saudade de ver-te e me aflige
A obsolescência certa da tua efígie
Se o meu dedo nãopenetrasse o seu gatilho.

Disparo! Como me faz falta a tua voz!
-O teu grito solitário na escuridão...
O teu tom preciso dispensa diapasão!-
Como anseio estar de novo contigo à sós!

Aprecio o teu porte magno, o teu tambor,
O teu espírito em espiral sob o cano,
Os teus adornos, o teu perfil...

Quem sabe um dia a majestade desse amor
Não me obrigue ao rito de união (o puritano!)
Disparando-me também direto ao nihil!
Juno, como você tá? sinto-lhe a falta...
Pessoa ilustre em minha vida (Tu és!)
Saudoso da tua tosse e dos teus pés,
Teu olhar gostoso e distante - perna alta.

Pergunto porque me interesso!!! Perguntas...
"Perguntas por quê?"; Onde estás agora amor?
Dando prum canadense, imagino, flor
Florzinha amarela da vida profunda

Olha Juno, como você é perfeita
Pra mim, diatribe junonal tamanha...
Como me torturas sem mesmo sequer

Dar ensejo de resposta pra desfeita...
Viaja-te de novo!!!(à França, ou Espanha,)
Inda vou te comer quantas vezes quiser!
A cada ocaso renova a aliança
Em falsa premissa, fingindo jura
Qual promessa quando expia e cura
O espírito afinado com pedância.

E verso a verso a mentira se expõe
Em força (universal nas linguagens!),
Genitora das falazes paisagens
Vazias - de que em geral se dispõe.

Mal Julga aquele que ao vê-las condena
"pois o símbolo a que falta um referente
Dispensa o valor da realidade!"

Na boca de um tolo a palavra empena
Enquanto o sábio, invariável, sente
A sedução da possibilidade!

Juno acorda às sete horas, cabeça erguida
E co'o pente cerrado entre os louros cachos,
Frente ao espelho, seus olhos meandram riachos
Como o melindre de madona: aparecida...

Vestem-se voejantes tecidos passados
Vestido assim, qual circunlóquio de um futuro;
Tolda-lhe as mechas um arco vivo, de apuro
Os sentidos se exaltam; (esse tempo azado

Dará chance talvez pra que Juno me espere!)
Mas ela se vai.. e irá por certo de novo
Juno, filha dileta das minhas entranhas

Não há sentimento no mundo que supere
O retorno à casa, à pátria, ao meu povo
E o olhar de juno (azul! Sobre as montanhas...