Todo

Todo
dia

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Ela finda as noites em soluços
Sobre a coluna fraca e espichada,
Entre as cobertas, na madrugada, e
De manhã põe-se a raspar os buços...

Quando a tarde chega cobre os sábios
Com um suspiro carmesim, louca
E ao crepúsculo oferece a boca
pra beijar o sepulcro dos lábios...

Anos lhe passam sem atenção,
Sentada no living, ela espera
Caírem-lhe brancas sobrancelhas;

O que a memória preserva em vão
Do trejeito vadio de fera,
E do encanto dos olhos em centelhas?...

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Outrora me vinham do Leste halalis,
Sobre a ponte velha que cruzava o rio,
e sentado na estrada, junto ao meio-fio
Eu dormia sob um relento de anis...

Em sonho, animado em teu fôlego, Juno,
Deitava-me em teu ventre infecundo e morno
Pra livrar-me da agrura primeva e, em torno
Derramava-me, como a imagem do uno.

Hoje vou-me falseando em desamparo,
Apático, à maneira inglesa da fleuma
E às vezes esqueço de fingir meu porte...

Falta-me a confiança de um gênio ignaro
E cada voz me constrói uma celeuma e
Cada sono um vislumbre da morte.

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Contradicto

Um dia eu condenei a análise explicativa do poema.
Mas é não como se eu não condenasse agora...

A questão é que o último poema que postei, o salmo em si, exige de mim algum tipo de explicação, por que eu não sei se é realmente um bom poema, se valia a pena ser postado... A verdade é que ele tem bons momentos, diria até ótimos momentos, principalmente a partir da segunda pausa; mas eu o considero obscuro em demasia, com um quê de hermetismo injustificável, levando em conta o estado de espírito que acompanhou a composição.

Confesso que boa parte do conteúdo surgiu em circunstâncias estranhas para mim.. a coisa já vinha matutando na minha cabeça a algum tempo, escrever um salmo, mas eu tive que cultivar um clima de adoração pra me dedicar à tarefa; acontece que, pelo menos comigo, toda espécie de lealdade incorruptível é acompanhada de um traço de ironia; por que eu realmente sinto como se não se pudesse ter certeza de nada.. não é só uma citação das citações do nosso querido ateniense discípulo de Arquelau.

Mas ao mesmo tempo há uma nobreza nos salmos que é definitivamente admirável; mesmo os mal escritos ... Se o único tema de todas as canções é o amor, então é como se o único tema fosse Deus, não porque Deus é amor no sentido canônico da coisa, mas porque um amor supremo remete ao acolhimento total e a satisfação, que são características da fé. A fé te deixa cego, faz você pensar que tudo está legal etc, afinal Deus está tomando conta de tudo.. o amor é certamente parecido; e não há um tema mais nobre do que o amor porque, de certa maneira é a única coisa que atinge a todos integralmente, que toca todos os espíritos, e confere um vislumbre transiente da igualdade entre as almas... O salmo é nobre porque, ele tem um tema antes de sequer existir, é um formato que define o tema; como se o siginificante sobrepujasse ao significado.

Mas eu acho que me perdi no meio do caminho... não sei se escrevi um salmo; não que eu quisesse ser 100% convencional e ercrever um SALMO que nem os antigos; muito pelo contrário na verdade, eu queria mesmo não ser convencional, na minha pretensão eu queria modernizar o salmo; sem perder a essência... Mas eu acho que foi justo a essência que eu perdi.

Se alguém foi muito observador, pode ter notado que eu fui alterando algumas coisas nele com o tempo... o formato hoje é bem diferente da primeira vez que lancei no blog; as pausas por exemplo não existiam, mas elas serviram pra soldar a estrutura do poema. Não sei onde eu quero chegar com toda essa história... tal vez eu altere ele ainda mais no futuro... por enquanto simplesmente não sei o que fazer.

Obs:Há um verso roubado no Salmo em si do Salmo 33 (ou 32 em algumas traduções) - "Tu, cujo sopro projeta uma multidão inumerável de astros!"; o original era alguma coisa como "Pela palavra do Senhor foram feitos os céus, e todo o exército deles pelo sopro da sua boca." - sendo o exército dos ceus as estrelas., cheguei a ler uma vez um que era como "e no sopro de seus lábios uma multidão de inumerável de astros";

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Será que nas torções do meu espírito estarão os garranchos defuntos das suas letras?

domingo, 23 de novembro de 2008

Salmo em si

Sou uma conjectura da desordem -
A possibilidade substante (de uma ausência pretensa(...))

Quero morrer um dia - mas não blasfemo
Porque não é pecado desejar o que não se evita.

E estou cansado de me explicar
como se eu não fosse um imbecil qualquer com sonhos de grandeza.

Ok, minha lady, você sabe dançar quando está bem acompanhada;
Pena que eu carrego a sombra de um mundo de egos frágeis.

(pausa)

Acho que vou louvar a deus com meu cântico chapado,
E contemplar a criação com meus olhos gentis -
Ó tu q és o alto, poupe-me da tua ira!
EU - que estou um pássáro à beira das eras concêntricas
Na totalidade particular das negações
Dualmente ocultando-me à margem do pensamento.

Vou foder a minha cabeça com um espirro
E gemer as mortes súbitas dos meus concidadãos!

Louvado seja Deus, que nos reuniu no amor de alguém !
Mas quando alguém ama é quase como se odiasse...

(pausa)

E se tive a compreensão dos processos sutis
como os modelos extrínsecos aos formatos marginais
Nos limites trepidantes da auto-referência? -
que é uma similariedade auto-imposta;
(porque nunca coisa alguma se refere a si
wwwwwwwwwwwwwwwww[- mas a uma imagem de si)
E se estive por ti em ti e através
De ti, e quem sabe até contigo -
E se eu fui um outro - ou me transformei ou entrevi-me
E me entrevei por fora e por dentro e me entreguei;
Pra sempre - Porque é sempre agora que eu faço em mim
[a imagem de um suspiro transitivo que transiste
e transita e que existe e que hesita

Não foi pra ser falso nem desagradável.

Hoje eu acordei mal disposto
e em Deus eu absorvi as essências conflitantes dos
contra-espaços formais ou imaginários - Hoje Deus
Presenteou-me com um licor denso e doce que me anima
o espírito e me danifica permanentemente o raciocínio;

Hoje Deus revelou-me em si nas simetrias
E nas perturbações charmosas do idiotismo;
Deus! Que é um movimento ousado da intuição;
A experiência parcial de ser imperfeito -

Eu - que quis ser um monstro consciente e definitivo,
mas fui um abismo modorrento dos meus próprios
e ainda não sou nada - aprecio Sua candura enfastiante.

(pausa)

Tu que és o único, tu que és o altíssimo e supremo
Tu, cujo sopro projeta uma multidão inumerável de astros!
És a imaginação das realidades espaçosas
e lanças os teus fiés à morte pálida das planícies,

Deus! perdoa-me por ser feio e mesquinho!
Deus ciano e púrpura dos ventos-
Deus magenta e claro dos nomes...

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Para Iso - que não é ninguém

Vou te contar todas as mentiras que eu senti
wwwwwwwwwwwww[beijando o meu espírito, à noite -

Na intenção vaga de dizer qualquer coisa de importante,
(A pretensão de esconder-se no lugar mais óbvio;
só pra ser encontrado.)

1)A impressão de ser único, mas de comungar
wwwwwwwwwwww[do mesmo sofrimento com todos;
E ungir todas as almas de generalidades - especialmente
wwwwwwwwwwwwwwwwwwww[ as sucetíveis;
Jogar-me numa perspectiva distante, pra não ter
a responsabilidade de provar a mim que sou fraco.

2)A tepidez dos olhares dúbios - a necessidade de ceder a si
Num impulso indeciso e flutuar em cada superfície curva -
3)A vontade de engasgar com alguma coisa, pra sentir-me vivo;
Porque pelo menos a iminência da morte é
wwwwwwwwwwwwwwwwwww [uma prova de que se vive.
4)A certeza de arrastar parêntesis,
e contornar todas as afirmações com comentários espirituosos;
Por que nenhuma verdade resiste a um jogo de palavras
wwwwwwwwwwwwwwwwwww[e um sorriso enviesado;
5)A tristeza de chorar minha consciência acesa
só com golpes súbitos e psicoativos, e ruir as minhas lapelas
com secreções ácidas e reluzentes -

6)A desconfiança de que a vida me reserva mais do que
alguns netos sorridentes e bem colocados no vestibular,
com namoradas bonitas, dentes retos, e relógios à prova d'água,

7)E a certeza de que é pertinente ser poeta
wwwwwwwwwwwwwwwww- se não se é nada mais

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

isso

que me vem quando estou só e
junto a outro ou quando estou próximo de tudo,e quando
estou indefinidamente
wwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwlivre
Como uma palavra que escapa ao projeto gráfico,

e embora não à memória, estou solto
e só, e não estou
wwwwwwIsso faz diferença, e talvez como a opção,

mas a opção não faz diferença
porque eu posso estar errando, e eu gostaria de ter
certeza de que que essa é a coisa certa a fazer
wwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwmas no fundo estou meio desanimado

eu queria levantar da masmorra erguendo com a consciência uma infinidade de tédios
wwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwsó pra gritar
e me fingir de mártir,
wwwwwwwwwwcontar um sonho que não tive,
vestir a pele do inverno
e assustar os transeuntes por aí fumar um cigarro só pra dizer que fumei, morder a minha alma só pra amargar mais algumas estações no inferno

Vou mudar... mas isso já está me enchendo
wwwwwwwwwww dizem que é normal

às vezes é bom que as pessoas riam só pra você saber que está cometendo uma gafe

retrate-se
wwwwou sorria pra mim
(A verdade é
wwwwwwque existem poucos prazeres que superam o de ser ambíguo, de várias maneiras
atravessar etc. etc.)

Estou satisfeito
e isso tudo
wwwwwwwwwwwmais
wwwwwwwwwwww em várias línguas, de várias maneiras, estou morto

e isso talvez seja tudo, por hoje e por ontem.

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

dois

Eu queria expressar a minha língua num floreio fixo
E espelhar todos os modelos de entendimento
wwwwwwwwwwwwwwwwww[nas minhas palavras,
Sem pretensões, e rimar em simetrias axiais, pra todos os lados -

Mas é como se me faltasse a condição que sustente a possibilidade
Adversamente, entranhando-se em mim.

De toda forma, é pouco provável que eu te encontre dessa vez

E eu sinto minhas mandíbulas preguiçosas,
rangendo de tédio o tempo todo,
Presas, como os resultados viciados das comparações.


A verdade é que os métodos são sempre os mesmos
wwwwwwwwwwwwwwwww[e fazem a mesma coisa, sempre,
e a essência do verso é uma silhueta ausente
Que observa o observador, no escuro.

E eu me observo.

É estranho pra mim ver todo meu discurso se degenerar
wwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwww[desde o começo
pra falsear languidamente uma causa - por quê?

Porque eu diria algo por você, ou mesmo sobre você -
Mas eu não consigo, ou não quero,
E também não quero esboçar as razões incógnitas
wwwwwwwwwwwwwwwwwwww[que me respiram,

Prosseguir as metáforas, esvair minha memória do tempo,
Só pra fingir que sei te encantar ou que sei quem você é;

E eu acho que endoideci de jeito; e que estou te amando de novo,

wwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwww[ou pela primeira vez –


E se nós nos ouvíssemos inteiros,

e transubstanciados em cores nós nos dissolvessemos,
como a justaposição dos contrapontos -
e dos contornos suaves sob as nossas mãos completas,

onde juntos estaríamos perdidos?

Eu queria dançar o meu pé num floreio fixo
E espelhar todas as suas faces em gestos
Sem pretensões, e marcar os ritmos axiais, pra todos os lados -

Mas se eu tropeçar timidamente,
o que vai ser de mim?

terça-feira, 11 de novembro de 2008

desencontro

Compus uma rosa sem nome
fffffffffffffffffffffffffffffffffffffffffontem.
Dei-lhe forma, como se oferece compaixão
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkao cêrco frágil de um sorriso
kkkkkkkkkkkkkkkkke enlaçada a um entalhekkkkkkkkkkkk em lugar
nenhum, eu quis tê-la, como se tem
llllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllluma mulher
Mas o dia luziu só
lllllllllllllllllllllllllllllllle breve, num segundo. lllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllà sombra das revoluções
llllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllComo um ácrux que definha
ontem eu lllllllllllllllllllllllllllllllllllde um suspiro que tive
llllllllllllllllllperdi o contato llllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllou quis ter

talvez fosse
llllllllllllllllllllllllllllllllllllll
lllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllum batismo vazio
wwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwww,e em cânticos breves, sua face
aberta, à tarde de ontem me
wwwwwwwwwwwwwwwwwtenha aturdido, e por obra das suas mãos
wwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwweu esteja ainda desencontrado,
wwwwwsem saltar de volta.

wwwwwwwwwww(o que) depende de mim e
Se perdi meus olhos, ou não,
wwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwnão faz diferença.
pra uma rosa qualquer chorar com os dedos costurados nos cabelos; em qualquer lugar


w(mas) eu não lhe tenho
wwwwwwwwwwwwwwdecepcionado ultimamente.

ontem eu descortinei a manhã wwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwem sonhos uma rosa
wwwwwwwwwwwwwwwwwwwcom um gesto pra ninguém, e guardei
(mas) nada se guarda realmente.
como não se experimenta o enlevo do charme,
wwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwe a harmonia das partículas.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

sobre os dois

Eu alvoresci na sua palavra,
E pelo gesto eu experimentei os seus sonhos.

Mas nunca estive livre por ti,
E quis estar, e não só hoje,

Eu germinei por sua lavra,
E desconheci o significado das linhas que

Você me traçou num halo, me trançou comigo ou por mim.

Talvez você me passe mas
Eu estou futuro - e sempre

Eu queria pendurar todos os seus vestidos em cabides
E te despir de todas certezas.

sábado, 8 de novembro de 2008

Urdir da ganga alva, a dor
Fagia! Ergo morrerei o hoje e o hoje e
Hoje, relapso mudo mudo o mundo em flor!

Pernioblongo cantou-me três rios
E quando a gangrena regar o cancro, for
E deixarmos a vela aberta ao vento,
ossar o rapto frágil - dos instantes serenos - dos gestos
Aí sim, socorre-nos o poeta, diria-me que e
que e que uma rosa é uma rosa rosa e tudo que mais uma rosa
possa rosa-ser!

Para ode infernal: plural esparso
Da resma e da alma e do efeito óptico -
Ótimo, gertrude é o líquido amniótico,
Vou ponderar mais um momento, mais um silêncio em silêncio,
Vou volver à volta, vitória, Rei hei de van
glória vã glóriar o universo!

A verdade sobre os dois

estou confusoChoveu sob mimmaas secoulímpida a minha almamudei

o q estou fazendo?

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Mapeio em função de um azimute
Que me ronda a casa, quando chove,
Ou meu rosto desmancha e demove
A vontade de cuspir um zut.

Construo, por princípio, na escala
A desmesura a que um desgarrado,
Tolerante, calculando o enfado
Das quartas proporcionais, acata.

Me apetecem lunar ou político
Em razão pura: simplicidade
Inexprimível em língua humana;

Como o conforto que inspira o tríptico
E o soneto de formalidade,
A minha década me explana.
Terra: fisiologia do céu profundo
Qual imagem sobreposta ao ponto cego
Imprópria, sem gotejar em desapego
Sobre a côncava dum olho vagabundo

Câmara infernal de abismos e helicônias
Que vês! Chafurdantes jorros lamaçais
Vestidos de chuva, ou de sépia nos sais
Deflagrados, já na luz de parcimônias

Me anima essa alvura prisca dos cinismos
Rompantes falsos da unidade: o elemento
Refolho torto da sede universal

Reserveria uma estrofe a cada cismo
Sem conceder à mão beijada o excremento
Que é musicar o fogo, em vento banal.
O suspiro é uma ausência transitiva.