asa de pássaro
peso de máquina
minha música prática é
mais do que arte tem
maneira mirabolante
tem cartaz e colante
uma rosa de laço de fita
um implante no peito do mundo vazio profundo
mergulho no escuro difuso futuro
mergulho no escuro difuso futuro
mesmo a imagem vendida de causa perdida
com a vida partida entre depois e antes
tem fogo e tem gelo em resposta ao apelo
no som dos aflitos os tácitos ritos
secretos sentidos
nesses desertos infinitos
meu básico instinto tem
mágicas setas mandando diretas em sombras mais pretas
são coisas modernas nas runas dos celtas
curas antigas e a voz do profeta falando de cima
e eu falo de baixo
me quebro no meio
mas onde em me encaixo
entre os véus da família e as putas do baixo
você minha fagulha
minha fêmea meu macho
minha elástica sina
é centelha divina
da plástica a lâmina no rosto da infâmia
meu tempo discreto com foco disperso na dança de espelhos
são coisas que eu tenho
receios q eu prezo
são dispositivos da sobrevivência
são beijos furtivos em trevas imensas
vitórias pequenas
pichados poemas no muro das celas
românticas cenas da minha janela
são radioativas luzes do dia
exóticas liras tocando a alegria
sintéticas forças
puxando meu tema fanfarras acesas
nas modas escusas
em trocas que eu ganho
por rotas estranhas
seus olhos castanhos
comendo quimeras
matando medusas
em tudo que presta
inventa a memória
minha estrela modesta
pequenas vitórias