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quinta-feira, 6 de setembro de 2012

confidência #4

estou possuído
por um par de olhos hipermétropes
no pouso do marasmo

meus deuses
esfumaçaram suas figuras familiares
irreconheciveis

em igual medida

eu respiro
vagarosamente
o ar umidamente pesado
de uma sugestão amazônica

por um processo análogo,

eu amo
alguma coisa que não existe
e a ela apenas
devoto toda compaixão
pelo sacrifício
dos dias

na vaidade comovida
de um abraço fraternal
acompanhado secretamente
por um deja vu

(de minha parte)

estou possuído
pela inconstância da vontade
e pelo pessimismo
que se exprime

como uma língua comum,

e toca
falsamente
a alma do mundo