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terça-feira, 18 de outubro de 2011

incomunicado

Pouco importa que as coisas sejam como são,
Ou quão pouco seriam, vestidas de fatos,
Se há quase nada da essência na emanação
E o perfume não é mais que um sonho do olfato.
Nada é por si só, porque tudo representa
Num resquício pasmo do sentido final
A leitura contingente que alguém comenta
Sobre um quadro negro no giz vestigial.
Portanto eu dou meu texto, e todo subtexto
Me ressente a expressão até o mais débil gesto,
Eu, testemunha do inferno: a língua contrária.
Não ser entendido ou tampouco entender
É a solidão, ou a solidão sem ser
Que a existência não resiste à solitária.

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

de fini ção

Crendice é
aaaaaaaaa ter ciência ou consciência,
Sentado rente a tela da lareira
No embalo cru de mil crepitações,
Pra compensar a demência, a velhice
(Nessa beira de luxúria sem talo)
E os comichões de ausentes ereções

segunda-feira, 30 de maio de 2011

com as tripas

Parece que dançam esses apelos
Pelos infinitos bailes do afeto;
Será que é prova de amor feito zelo
O sabor de provar o amor completo?

Se é na alma o que é na carne contrário;
Ou se há na carne tanto e tanto assiste
À Natureza em replicar-se um páreo,
Quanto se contraria o que existe?

Qual forma do amor quer? Qual apetece?
Como é estranho, e a estranheza tece
Algum manto que veste a solidão...

Sei que te amo; te amo e te quero
Inteira aos pedaços; pra quê mistério?
Tudo é desilusão ou ilusão.

terça-feira, 24 de maio de 2011

paquera #1

acapulta pra cartomanteiga na cruzalhada do assonho,
sombrada deamantes no cosivento coveira

ô cabaceira dos temencos bruncos
sapoteando na ladura entramexada de maribundas,
hajo o que Ajax de cimo cumealvo acropolado plurifeitio
feito assenha dos sagredos espealhidos de olheires e oralhes

masicas talcoando a núvea infinalita palos fenosos funarais!

Chaeram homens as moiças missivamente chavecendo atéatarde
maish que a nucanunca maish! mãs............

sunaliza a entranhada de sarrisos bebaboba
sumareza dopra quêqui HÁ agera tãoto

tãobem quioque caíava dos cabulos aedados nasdentro
rapozes daca mulhor espécie
- cascovéis
vaciadas eme sexofone

epitáfio esclarecido

é claro que vim a dizer da alma
como digo, assim, qualquer outra coisa
evidente, como um corpo repousa
na inércia anciã, sob um véu de calma
estive calmo, e é mesmo de espantar
essa calmaria assim tão profunda
no coração da natureza imunda
que me inundou a boca, a salivar
quando foi imediato o que dizer
era fato, segundo o senso comum,
foi óbvio de não sei qual axioma;
lógico que avancei até morrer
nesse caminho pra lugar nenhum
e amei um pouco,
aaaaaaaaaaaaaaaa à sombra de Sodoma

terça-feira, 29 de março de 2011

Kaballah Beat

-para jack kerouac

Amo os
Bêbados e os sóbrios os
Caídos,
Drogados ou
Extáticos
Feito touros
Gigantes
Hoje à noite, amo os
Idiotas, os invejosos, os
Japoneses e aqueles
Livres no ventre da
Mãe invisível, com os dedos enfiados nos
Narizes franzidos
Ontem mesmo, amei as
Putas
Que
Riam
Sorriam a
Todos, talvez
Um pouco exageradamente, amei os
Viados, e a
Xerox que
Zumbia mais um mantra em segredo.

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Schneemanns Traum

tudo se reduz a quantidades
reduzido aqui no sentido duro, denota o que é menor
mas não menor do jeito que se comparam quantidades
menor como se traduz esse sufoco
que as paredes inventaram depois do homem
inventar as paredes, pra sufocar
e eu estou sufocado pra expiar as ambiguidades do meu caráter
ou são as ambiguidades que sufocam?
porque toda diferença pode ser sutil
E a solução pra outra dualidade endémica tipo homem/mulher,
é outra pseudosíntese tipo sexo
se pra expiar meu caráter, eu sou ambíguo
como tudo deve ser aos olhos do diabo

eu sou o menino sonhando ser o boneco de neve
pra derreter com o verão do sonho

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

e um rosto cheio de reprovação

Na fragmentação da forma que é tal qual senão supõe:
Pra encher a chaleira de enredo
e ferver o enredo
leva-se a chaleira ao fogo

[O clímax apita pelas construções!
tens em mãos os olhos de algum
ou de outro, e um olho de cada
provavelmente o seu, e outro da medusa
espremidos demais pra não se fitar
mutuamente no espelho do elevador]

ainda favorável à sua leitura inconsciente do meu corpo
que diz: é tão consistente e precisa a minha mensagem,
que desconfio da sua autoria,
reconheço-me o veículo de uma consciência que
essencialmente me ignora, rejeita e desconhece
na mesma medida em que é refratária ao seu próprio motor oculto

(a confissão agora é minha ferramenta, no desempenho
frívolo de atribuir significado) e confesso:
porque o tédio que sinto em ouvir as suas confissões é a maior das minhas qualidades,
é um vazio fodido esticar essas pernas vaziamente confessas
no lombo de uma hidra de mil cabeças (chama-se beleza)
mas vamos em frente enquanto
os jogos de palavra apriosionam as expressões
na cela mais estreita

o problema é que todas as ambiguidades são trivias pa caralho

(e o sentinela do outro lado da grade acena ironicamente)

e eu estou cheio de ressentimento
castrado numa solidão europeia,
ser odiado parece uma saída
como se vc dissesse

sai dessa