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sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

e um rosto cheio de reprovação

Na fragmentação da forma que é tal qual senão supõe:
Pra encher a chaleira de enredo
e ferver o enredo
leva-se a chaleira ao fogo

[O clímax apita pelas construções!
tens em mãos os olhos de algum
ou de outro, e um olho de cada
provavelmente o seu, e outro da medusa
espremidos demais pra não se fitar
mutuamente no espelho do elevador]

ainda favorável à sua leitura inconsciente do meu corpo
que diz: é tão consistente e precisa a minha mensagem,
que desconfio da sua autoria,
reconheço-me o veículo de uma consciência que
essencialmente me ignora, rejeita e desconhece
na mesma medida em que é refratária ao seu próprio motor oculto

(a confissão agora é minha ferramenta, no desempenho
frívolo de atribuir significado) e confesso:
porque o tédio que sinto em ouvir as suas confissões é a maior das minhas qualidades,
é um vazio fodido esticar essas pernas vaziamente confessas
no lombo de uma hidra de mil cabeças (chama-se beleza)
mas vamos em frente enquanto
os jogos de palavra apriosionam as expressões
na cela mais estreita

o problema é que todas as ambiguidades são trivias pa caralho

(e o sentinela do outro lado da grade acena ironicamente)

e eu estou cheio de ressentimento
castrado numa solidão europeia,
ser odiado parece uma saída
como se vc dissesse

sai dessa

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