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quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Em voz alta

Não sei se é a chuva que me estala os ouvidos,
ou o estalo varando a solidão do lábio;
que a boca esbarra nos cabelos compridos
como a chuva diz na linguagem do presságio.

Não sei se é o que venta no empurrão do zumbido,
se vibra na borra da impressão que é paisagem -
que os corpos costuram num véu por despidos,
ou os olhos teceram na canção das imagens.

Porque se é de seda que desgarra o sentido,
ou de sentir que desaba do chão que senta
(pra despir do mundo o pensamento vestido
ou vestir ao avesso a sensação isenta):

- Não sei se é o ouvido que força o estalo em chuva,
ou a solidão varando o estalo de um beijo;
que a garganta engasga na intuição turva

e os cabelos sussurram na língua do ensejo.

4 comentários:

  1. não sei se sou eu que tô alguma coisa, ou alguma coisa quem tô eu.

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  2. isso devia ser dito em voz muito alta!
    Luiz.

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  3. Não sei se é a surda que me entala os ouvidos,
    ou o entalo varrendo do portão o alfarrábio:
    que a louca escarra no cerebelo comido
    como a surda fiz na viagem um deus sábio.

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