'não posso parar' disse pela terceira vez, acompanhando o ruído dos trilhos chiando do agudo ao grave numa cadência desistente.
'não posso parar'
'a escolha é sua' ela cuspiu as palavras entre dentes com pouca convicção e a saliva das sílabas pendeu de seus lábios por um breve segundo
'meu deus', um sinal luminoso acendeu circulando a maçaneta eletrônica. 'a verdade é que sinto, sinto mais que nostalgia ou saudade, sinto pressa' - Estação terminal, o desembarque é obrigatório
Todo
segunda-feira, 27 de novembro de 2017
terça-feira, 3 de outubro de 2017
Foi preciso que deixassem pra trás os retratos, pois eram
ícones, como as cruzes. Chamava-se Resolução, fiquei sabendo por quem estava
próximo e por oportunidade me contou, acho que foi assim com todos, mais ou
menos. No terceiro dia todos se despiram e sobreveio um eclipse, ao que uma
longa gargalhada ressoou pelos continentes. Foi a Resolução, cuja alcunha
acadêmica era a Morte da Memória, nos termos de historiadores em flagrante
contradição.
remembra
assombrame o braço empostado pelo gesto ou a postura
um pender estilo clinamen show de osso por cima
a musculatura tesa em automação
elétrica trameada piezo ezpressiva
no rosto, contando o meu
em retalhos cosidos trapos estirando a rede da pele
um sorriso que ourivesaria estiletada marca
fendendo a face em símbolo pra dizer
sim, mas nunca
mais
um pender estilo clinamen show de osso por cima
a musculatura tesa em automação
elétrica trameada piezo ezpressiva
no rosto, contando o meu
em retalhos cosidos trapos estirando a rede da pele
um sorriso que ourivesaria estiletada marca
fendendo a face em símbolo pra dizer
sim, mas nunca
mais
segunda-feira, 18 de setembro de 2017
A cara do mundo
Para quem deseja um sol bem posto
Traço linhas nessa horizontal
Arqueadas por cisma ou à gosto
Da geoide olhando o mar Austral
Abstratas sobrancelhas franzir
Expressa ocultamente o planeta
E eu sou cartógrafo a me iludir
Que desenho o mapa da careta
Para quem quiser divino rosto
Onde espinhas sejam cordilheiras
E lava o muco em vulcões narizes
Minha escala minimiza o custo
Das humanas formas passageiras
Nas suas desumanas matrizes
Traço linhas nessa horizontal
Arqueadas por cisma ou à gosto
Da geoide olhando o mar Austral
Abstratas sobrancelhas franzir
Expressa ocultamente o planeta
E eu sou cartógrafo a me iludir
Que desenho o mapa da careta
Para quem quiser divino rosto
Onde espinhas sejam cordilheiras
E lava o muco em vulcões narizes
Minha escala minimiza o custo
Das humanas formas passageiras
Nas suas desumanas matrizes
segunda-feira, 4 de setembro de 2017
Larnaka Blues
No emaranhado das relações, mar de olhares, meus olhos são meus e são de outrem são espelhos e contêm a imagem fogueira luminosa, a expressão dos seus e dos dela, nossos gestos codificando nossa vontade truncada pela insegurança, suavizados pela surpresa do encontro, o entrechoque insuspeito, a revelação tudo que não sei, quando perdi todas opções e a monstruosa limitação, o peso da forma, a herança. Desejo desfocado me consome eu persigo o mundo como uma chama que balança em todos lados um suporte, o anteparo da imaginação, meu universo é a prisão do meu corpo e a visão que o extravasa, que demole as fronteiras. Cada perdão desterrado no suco dos lábios, como um cristal a consumação de um amor que queima, eu vi a luz da estrela penetrando meus olhos milhões de anos bilhões de interações carregadas perfurando minha visão Desequilíbrio; nosso perfil decisório, nosso portfólio de escolhas, nossa especulação estive querendo e querendo querer estou vivo na errância da palavra mas sinto a chaga da rede, a moral de uma fábula em forma fotográfica sobre a passagem do tempo
quinta-feira, 31 de agosto de 2017
Zürichsee
Sorridente Iraquiano
me conta“It’s beautiful,
but it’s nothing”, o jardineiro
do lago “life is like on
clock, sex, work, sex, sleep
tem um lago azul,
como eu bem recordava
e o assum preto no pife
faz grasnar algum
pássaro aparentado
Prefeitura de Gentilly
Grafite macio exige
Traço delicado
Em particular se a lapiseira
também tem sentimento doce e terno
sujeito a recuo sob pressão
Ergamos todos sentimentos em suas variações, produzamos
A fábrica, isto é o tecido das emoções universais .
O ponto me bate como a onda
Somando as partículas insuspeitas
De nossos dramas singulares
Representemos a Vontade
(Qual) rasura me presenteia a
Timidez, sou tímido que olhos lusófonos
Esbarrem nas minhas confissões
quarta-feira, 30 de agosto de 2017
Cinelândia 2017
Adiantando já de cara meu pavooor eu odeio pensar que você
pode um dia me deixar, que você pode um dia partir levando seu lanche ainda
pela metade levando sua fome só parcialmente saciada e a sua incógnita mirada
desconhecida sua anti-íntima fitada, no atravessamento inconveniente de uma
presença absurda, um clima estranho junto ao esmolar irrefreável desse homem
que se diz conhecedor do direito ou da lei, e se voltou breve como uma hora
sobre sul
Do Sul experimento dia e noite
Lua
e Sol
E
a orbe celeste
No firmamento móvel
Avançando e
retroagindo
Sobre
epiciclos
É no Sul que se localiza
Minha lembrança mais antiga
Que tem que ver com
Descoberta
Sou um recipiente de fluido
Processador
Pro cessa dor
Tríplice, mente corpo e
Alma
integrados
Em destinação: Sul
segunda-feira, 24 de julho de 2017
Fleurance 2017
Como a vaidade em Veneza, pra morrer, talvez
A insatisfação, ou melhor, não-saciedade
É um instrumento de auto-questão
O aprimoramento do estável
Até o equilíbrio, morto
Como a celebração em Fleurance, é uma vida
Que vivo sem igual, por decisão sem tamanho
Isto é, que não cabe a ninguém
Porém a todos entrelaça
Destila minha angústia
Na euforia
Sustentando todas suspensões, substitutos trítonos
De outras cadências irresolutas, a dominância
Diluída como a linha que escapa
Na vertigem do ponto de fuga
Dilata minha vontade
Até a sua
quarta-feira, 17 de maio de 2017
de rep ente #2
Olha tio o rio flui a luz que a lua coa
É um cio natural num fio sem final
Um corte um bote um lote loco de trote
Tio ce tinha q ver
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