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quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Contradicto

Um dia eu condenei a análise explicativa do poema.
Mas é não como se eu não condenasse agora...

A questão é que o último poema que postei, o salmo em si, exige de mim algum tipo de explicação, por que eu não sei se é realmente um bom poema, se valia a pena ser postado... A verdade é que ele tem bons momentos, diria até ótimos momentos, principalmente a partir da segunda pausa; mas eu o considero obscuro em demasia, com um quê de hermetismo injustificável, levando em conta o estado de espírito que acompanhou a composição.

Confesso que boa parte do conteúdo surgiu em circunstâncias estranhas para mim.. a coisa já vinha matutando na minha cabeça a algum tempo, escrever um salmo, mas eu tive que cultivar um clima de adoração pra me dedicar à tarefa; acontece que, pelo menos comigo, toda espécie de lealdade incorruptível é acompanhada de um traço de ironia; por que eu realmente sinto como se não se pudesse ter certeza de nada.. não é só uma citação das citações do nosso querido ateniense discípulo de Arquelau.

Mas ao mesmo tempo há uma nobreza nos salmos que é definitivamente admirável; mesmo os mal escritos ... Se o único tema de todas as canções é o amor, então é como se o único tema fosse Deus, não porque Deus é amor no sentido canônico da coisa, mas porque um amor supremo remete ao acolhimento total e a satisfação, que são características da fé. A fé te deixa cego, faz você pensar que tudo está legal etc, afinal Deus está tomando conta de tudo.. o amor é certamente parecido; e não há um tema mais nobre do que o amor porque, de certa maneira é a única coisa que atinge a todos integralmente, que toca todos os espíritos, e confere um vislumbre transiente da igualdade entre as almas... O salmo é nobre porque, ele tem um tema antes de sequer existir, é um formato que define o tema; como se o siginificante sobrepujasse ao significado.

Mas eu acho que me perdi no meio do caminho... não sei se escrevi um salmo; não que eu quisesse ser 100% convencional e ercrever um SALMO que nem os antigos; muito pelo contrário na verdade, eu queria mesmo não ser convencional, na minha pretensão eu queria modernizar o salmo; sem perder a essência... Mas eu acho que foi justo a essência que eu perdi.

Se alguém foi muito observador, pode ter notado que eu fui alterando algumas coisas nele com o tempo... o formato hoje é bem diferente da primeira vez que lancei no blog; as pausas por exemplo não existiam, mas elas serviram pra soldar a estrutura do poema. Não sei onde eu quero chegar com toda essa história... tal vez eu altere ele ainda mais no futuro... por enquanto simplesmente não sei o que fazer.

Obs:Há um verso roubado no Salmo em si do Salmo 33 (ou 32 em algumas traduções) - "Tu, cujo sopro projeta uma multidão inumerável de astros!"; o original era alguma coisa como "Pela palavra do Senhor foram feitos os céus, e todo o exército deles pelo sopro da sua boca." - sendo o exército dos ceus as estrelas., cheguei a ler uma vez um que era como "e no sopro de seus lábios uma multidão de inumerável de astros";

Um comentário:

  1. Muito pelo contrário, achei que a explicação enriqueceu o salmo. Já era muito bom por si só, tem um feeling de adoração e penitência bem interessantes. Também gostei da citação do salmo 33, pois quando li a idéia me soou familiar, mas não sabia de onde.

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