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terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Para

A ânsia de se estar vazio é como a pronúncia de um bocejo
Mas não há regras pra se passar o tempo -

Pra mim, há um certo desânimo em agir -
porque a origem do ato é
o esquecimento de que se espera;

Não sei o que espero, mas creio que
Se não esperasse, eu agiria.

Existe uma certa qualidade no ócio
E a lucidez do sono é como a ausência de certezas:
Lúcida.

A fragmentação do poema é como a tarde que cai
Mas a tarde não cai - ela gira,
e nem tão devagar assim, se você tiver bons olhos

A dedicatória é um risco que se toma,

Mas eu acho que não sei falar,
Porque se soubesse não escreveria;

E afinal de contas se causa uma impressão
Com a discrição de uma vogal acentuada,

Mas eu não quero causar impressões

A verdade é que não sei o que quero,
E sinto um certo prazer em cair em contradição

Mas não se cai em contradições; gira-se em contradições
e nem tão devagar assim, se você tiver bons olhos;

Estou sozinho, mas todos estamos -
então é como se estivéssemos juntos.

A fragmentação da mente é como a liberdade
Mas não se é livre sem escolha;
E a responsabilidade da escolha também não é livre.

Estou sozinho em fragmentos -
Mas você está também - estou me repetindo;
Mas pelo menos a repetição supõe um ritmo

Quer dançar?

8 comentários:

  1. Interessante.

    Mas o ócio é pó.
    Do pó ao pó? Talvez...
    Se você tiver bons olhos, é claro.

    E diria mais.
    Todos sabem falar.
    Pergunte pro Demóstenes.

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  2. o spin dos corpos é mesmo fascinante. (acho que alguém já disse isso antes; ou algo parecido).

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  3. "Mas não se cai em contradições; gira-se em contradições"

    "Mas eu acho que não sei falar,
    Porque se soubesse não escreveria"

    "Estou sozinho em fragmentos -
    Mas você está também - estou me repetindo;
    Mas pelo menos a repetição supõe um ritmo

    Quer dançar? "

    esse final foi lindo...

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  4. Espero que o demostenes do sr. despedaça corações não seja o Torres.. uahuahuah

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  5. O poema prescinde comentários; já os cometários...

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